Mister No Red Dragon Volume 1 – O Retorno do Piloto

por | dez 9, 2020 | Notícias | 0 Comentários

Bem-vindos a mais uma resenha, e hoje tenho a honra de reapresentar o retorno do mais querido piloto da Sérgio Bonelli Editore: Mister No. Mas como assim o retorno? Ele já não está sendo publicado no Brasil? Sim e não. Atualmente, o personagem criado por Guido Nolitta tem várias casas, mas apenas com edições especiais como a versão “Ultimate” da Panini ou os Especiale publicados pela Editora 85. Todos com histórias muito boas, mas nenhum deles trouxe histórias do título original, até agora.
 
Semana passada eu havia apresentado o personagem então não irei desenvolvê-lo mais uma vez, basta saber que suas aventuras se passam nas décadas de 1950 e 1960, um piloto americano que cansou das guerras e foi se exilar na floresta Amazônica. Várias editoras já publicaram aqui no Brasil a série mensal, mas muitas edições ainda são inéditas.
Assim, a Red Dragon começou sua publicação pelas edições italianas 241 a 244 que foi lançada na Itália em 1995 e representa uma revolução na narrativa do personagem focando um público mais novo, mas sem ignorar seu passado. Além de comemorar 20 anos de vida do personagem, as edições são também inéditas no Brasil, e outras mais antigas serão publicadas futuramente pela Red Dragon.
 
Então vamos para as edições aqui publicadas começando com a história Vento Rubro, que conta com roteiro de Luigi Mignacco e arte de Roberto Diso. Nesse espírito de reinício nos encontramos com o agente de turismo que apareceu na primeira edição do personagem, lá em 1975, falando sobre uma carta recente de Jerry Drake que conta como a vida dele mudou completamente. Tudo por causa de uma indústria química destruída por Jerry e três companheiros, um ataque feito em resposta à ação violenta dos donos que agrediram aldeias próximas para garantir o terreno da indústria, um local sagrado e com sérios risco de poluentes para o entorno.
 
O problema levantado pelo autor é que a lei não serve para trazer justiça, mas para proteger o interesse de poderosos. Nesse caso a questão vilanesca se amplifica ao destinar a propriedade da indústria à máfia japonesa que manda caçar os terroristas. A partir de então passamos a acompanhar uma caça que vai matar os amigos de Mister No e obrigá-lo a fugir de Manaus, inaugurando uma longa fase com o protagonista ainda mais nômade do que o que conhecíamos até então, sendo perseguido de perto por perigosos inimigos.
As duas histórias seguintes, Tubarões e Sangue dos Heróis são assinadas por Marco Del Freo com arte de Stefano Di Vitto. E a ação se inspira no melhor estilo de filmes de espionagem com uma narrativa de ação crescente que vai mostrar ao Mister No que ele não vai fugir facilmente dos seus problemas nipônicos. A história acontece na cidade do Recife e felizmente nosso protagonista pôde contar com novos amigos e velhos aliados para enfrentar seus perseguidores.
 
Um elemento bastante presente na história foi o leprosário da Irmã Alda, um dos cenários recorrentes que serve para atentar ao leitor sobre a Hanseniase. Uma doença causada por uma bactéria que é cercada pelos mais variados preconceitos, mas está longe de ser tão devastadora como anunciam e justamente em decorrência deste preconceito que a busca por tratamento prejudica aqueles que foram acometidos pela doença.
 
A revista termina com a Ilha dos Perdidos por Luigi Mignacco, Fabio Valdambrini e Marco Bianchini. Nesta história Jerry e dois amigos sofrem um naufrágio por causa de uma forte tempestade que destrói o barco deles e o grupo cai numa ilha lotada de armadilhas e que supostamente estaria deserta. Os problemas com a máfia ficam um pouco de lado apenas para revelar que problemas podem surgir de onde menos se espera. A narrativa na qual o autor nos coloca remete aos roteiros de suspense de sobrevivência e como a solidão pode provocar a morte em vida. Nessa história temos também a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o passado do personagem em passagens desconexas a partir de um fluxo de pensamento alucinado.
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